História de Olhão a cidade rebelde do Algarve

História de Olhão a cidade rebelde do Algarve

«Alguns factos importantes na história de Olhão a cidade rebelde do Algarve, uma característica que se mantem até hoje no quotidiano da cidade»

Origens e desenvolvimento

Os achados arqueológicos comprovam a presença humana na área do Concelho de Olhão desde o Neolítico.

No período romano foram encontrados vestígios importantes em Olhão (tanques de salga de peixe descobertos em 1950, durante a construção do Porto de Pesca) e em Marim, junto à Ria, onde existia uma importante villa agrícola e pesqueira no séc. II ao IV. Aqui os romanos construíram salinas e implementaram a indústria de pesca e salga de peixe, cujos produtos eram depois exportados para todo o Império (alguns antigos tanques de salga de peixe estão atualmente expostos no Parque Natural da Reserva da Ria Formosa.

Existe também registo do período Visigótico como comprova uma lápide cristã do Sec. VI.

Os árabes que estiveram em Olhão do Sec. XVIII a XIII tiveram uma enorme influência não só na cidade como em todo o Algarve, mas, curiosamente não se conhece qualquer construção importante deixada por eles e esta é uma das singularidades históricas da cidade, a única terra com características mouriscas construída por europeus, sem qualquer herança histórica mourisca. São os contactos comerciais e a emigração para Marrocos que leva muitos olhanenses a construir as suas habitações de modo semelhante, cúbicas e caiadas de branco, o que valeu a Olhão a alcunha de “Vila Cubista”. Isto explica porque Olhão é o único exemplo de povoamento moderno e ocidental (nunca foi um povoamento árabe) com características vincadamente mouriscas.

A partir do Sec. XIII com a reconquista cristã a pequena comunidade piscatória foi crescendo com muito trabalho e sacrifício que foi criando problemas com o poder representado por Faro o que gerou uma rivalidade que se mantém ativa até hoje e que faz com que a rebeldia seja uma das principais características dos Olhanenses.

Portugal foi invadido pelos Franceses em 1807 a família real já estava no Brasil e tinha deixado instruções para os recebermos sem resistência. No Algarve o comando francês ficou sediado em Faro e ao contrário das promessas que traziam de liberdade a realidade foi a mão de ferro, os impostos, a repressão com aplicação da pena de morte e as mais diversas humilhações infligidas à população e que foi criando as condições para a revolta.

Uma expressão popular de Olhão ainda hoje utilizada para definir um vigarista é “este tem mais artes que os Bonapartes”.

Em 16 de Junho de 1808 foi colocado um edital na Igreja Matriz de Olhão apelando à mobilização de portugueses para irem combater pelas tropas de Napoleão contra os espanhóis que se tinham revoltado.

Os marítimos olhanenses que estavam no largo da Igreja não sabiam ler o edital, mas o distinto Coronel José Lopes de Sousa leu-o para os presentes e num discurso patriótico disse que “já não havia portugueses como antigamente”. 

Ato continuo o povo rasgou o edital assinado pelo próprio Junot e foi prender a guarnição de 24 guardas franceses que guardavam a aldeia.

Não vamos entrar em detalhes e não foi a revolta da aldeia de Olhão que derrotou os franceses, mas, foi o início e não foi grátis porque o poder de Faro reagiu e os custos foram elevados.

Mas a tempera dos Olhanenses não se limitou à resistência, quando os franceses foram expulsos 06 de Julho de 1808, 17 marinheiros embarcaram no caíque “Bom Sucesso” (Embarcação com 17m de comprimento 5,5m de largura) capitaneado por Manuel Garrocho e seguindo as estrelas e um mapa rudimentar fizeram a viagem de Olhão até ao Rio de Janeiro fazendo escala na Madeira só para dar a boa nova ao rei. D. João VI.

D. João Vi  ficou bastante impressionado com o feito e elevou o pequeno e desconhecido lugar a “nobre vila de Olhão da Restauração”.

A partir desta data Olhão passou por todas as vicissitudes que o Algarve e Portugal tiveram de enfrentar como a guerra civil  no entanto, as principais mudanças e crescimento ocorreram no final de século XIX e século XX, quando se tornou um importante porto de pesca e um importante centro de produção de conservas de peixe, especialmente atum.

Hoje o turismo e o imobiliário ultrapassaram as atividades tradicionais como a pesca, a agricultura e a indústria conserveira, Olhão já possui unidades hoteleiras de alto nível e a beleza natural da Ria Formosa está a tornar-se consistentemente num destino turístico muito procurado e de qualidade.

 

E6L

Visite Olhão…

 

Caíque "Bom Sucesso"

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